
O Labirinto de Deus e do Diabo Sobre Fotografia
Luís Carmelo
"A fotografia enuncia o seu próprio relato. Plana, imóvel, granulada, manietada, espelho de si e receptáculo de ondas, a fotografia consegue, ao mesmo tempo, criar leis, apontar para mundos
concretos e praticar ou desafiar a semelhança, o verosímil. A fotografia cria um quadro, uma encenação, uma disposição ilusória onde o momento, de tão compactamente fragmentado, se desfaz numa miragem de infinitude. A fotografia estabelece a contiguidade entre o reino fantasmático do agora perdido e um qualquer além, ao sabor do arquétipo ancestral da imortalidade. Puro desengano. A fotografia é antes um brevíssimo rio de luz a contracenar
com o desejo, com o eros, com a maquinação do olhar inquieto." (Luís Carmelo in O Labirinto de Deus e do Diabo Sobre Fotografia)
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