terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Hoje escrevo eu



Visão e prática da Fotografia

Ao encetar o percurso do digital a Fotografia abriu novas possibilidades em diferentes aspectos da sua execução. Do exponencial reduzir nos custos do seu uso diário, a fotografia em sais de prata fazia o percurso contrário, o custo da Prata, o custo da água e o aumento das exigências ambientais tornavam o custo dos diversos materiais tão alto que quase se tornava proibitiva a prática intensa do processo.

Ao surgirem as propostas digitais era entendido por todos que os gastos na investigação de tal processo só provocaria o retorno do investido se rapidamente o processo se massificasse. Assim tal não demorou a acontecer e rapidamente o velho slogan da Kodak "Fotografe que nós fazemos o resto" se transformou em "fotografe e faça o rseto", assim após a retenção da imagem a própria impressão ficava nas mãos do utilizador, o qual de forma mais ou menos capaz foi adaptando o seu "modus operandi" a diferentes propostas de trabalho. Do mais complexo e pesado programa de tratamento ao mais simples muitas ofertas era disponibilizadas pelo mercado e abriam-lhe uma vasta panóplia de ferramentas a serem utilizadas nas mais diversas situações.

A intensificação da oferta, a melhoria técnica dessa mesma oferta deixava ao utilizador a possibilidade de adquirir uma câmara que era em muito, mesmo nas propostas mais económicas, de qualidade muito superior às propostas do tempo da fotografia sobre emulsão fotográfica. Mas, a facilidade na execução e a vulgarização de colocação de fotografias em diferentes redes sociais veio liberalizar um discurso que cada vez mais ficou dominado, pela imitação, a um discurso globalizado e globalizante. A democratização do meio tornou ditatorial a aceitação de um tipo de imagem ela mesmo resultado de um discurso não intelectual e vazio dos conceitos que até então estávamos habituados.

A imagem do sensacionalismo começou por dominar profusamente o conjunto das imagens divulgadas. Tal sensacionalismo podia ir do sangue na estrada ao sexo na estrada, no auge da representação, e a que não faltou a profusão de comportamentos de prazer individuais e colectivos. Mas era notório que a imagem fotográfica já não era a mesma. ferramentas diversificadas permitiram alterar e manipular a apresentação do produto final. e a mescla em diferentes formas de utilização multimédia abriram perspectivas de diferenciação no que ao produto final se observou.

Mas, a massificação  intensiva da proposta acabou vulgarizando os diferentes discursos e hoje assiste-se a uma busca da individualização do trabalho final. Autores diversos partem ao encontro de novas e velhas formas de produção da imagem fotográfica e a que não deixa de estar presente um vasto conjunto de técnicas que foram o embrião da própria fotografia, sendo mesmo de referir os muitos que perante a não existência de diferentes produtos que com alguma facilidade ainda eram encontrados à venda em finais do século passado, se dediquem intensamente na manutenção de técnicas que fizeram parte do caminho da investigação desenvolvida no século XIX, gatinhava ainda a Fotografia num caminho de muitas incertezas. Incertezas que por certo são hoje substituídas por outras mas que autores mais aplicados e estudiosos mais afoitos vão esmiuçando na procura de novas realidades. Mas sempre com uma interrogação.


Mas afinal o que é isto da Fotografia? E o que é um Fotógrafo?


António Campos Leal

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