No universo da
Fotografia sempre existiu uma palavra que me incomodou "puristas" o
que não invalida o facto de existir uma outra "Fotografia
Contemporânea". Associada a ambas está para mim, uma determinante, a valorização de
um estilo, método, escola, da representação fotográfica.
Ao surgir a
facilidade de executar, com controlo de qualidade média/alta diferentes
parâmetros técnicos, a Fotografia passa a estar ao alcance de uma massa que
utiliza a Fotografia como bem entende e nisso nada de desagradável ou de
menoridade quanto a resultados obtidos e os quais contrariam fortemente uma
pretensão estética rígida. Por outro lado surge uma imensidade de defensores de
novas expressões estéticas as quais muitas vezes estão meramente associadas à
utilização de tecnologias do tratamento informático do material obtido
digitalmente.
São variadas as propostas e não vou aqui enumerá-las.
Interessa-me destacar é o facto de se tornarem moda. E os seus adeptos a
transformarem em culto, e como qualquer culto o sentido de seita reduz a um
conceito redutor quer a defesa quer o denegrir desses processos de criação de
imagem.
A utilização de um
qualquer programa de tratamento digital da Imagem Fotográfica não tem para a
maioria dos actuais fotógrafos nenhuma relação com a Fotografia realizada antes
do aparecimento da Fotografia Digital. A maioria nunca praticou outro processo
que não seja o Digital, por isso a sua relação com a Imagem Fotográfica é
esvaziada do que anteriormente se designava de "Processo
Fotográfico", a maioria apenas pretende registar o momento e aí sim
estamos como sempre estivemos na raiz da Fotografia. O Registo como memória.
Quando esse registo passa pelo "tratamento
digital" muitos são os parâmetros que se alteram, colorimétricos,
contrastes, luminâncias, valores temporais, etc. Assim, tudo muda desde a
representação temporal, a inexistência de um elemento que caracterize a época
verá falseada a mesma perante um tratamento que "mude" a idade da Fotografia. Alguns trabalhos muito
"bonitos" e em que o sistema HD
é pródigo, falseiam a própria luminância da Fotografia produzida. Com
frequência, alguém mais habilitado, olha uma dessas fotos e dirá, "essa
Luz é falsa", o que não invalida a avaliação positiva dessa fotografia
quanto a variados aspectos estéticos.
Uma outra variante de designação do trabalho que alguns
produtores realizam é a chamada
Fotografia Contemporânea. Dou por mim a pensar que se ela é de Hoje ela é
contemporânea, assim tal designação não a poderei considerar estilo ou escola.
Algumas vezes parece ser uma fuga, para trás, quanto a designações outrora
utilizadas de forma pejorativa. Vive-se, e daí fotografa-se com demasiados
preconceitos. E por cá, neste jardim à
beira-mar, os preconceitos aplicam uma redobrada intensidade. O meio é pequeno
"todos" se conhecem, mas só alguns têm acesso à promoção em fazendo
parte do grupo A ou B, não que os grupos tenham algo contra si, a não ser o
facto de se olharem de lado e aos que não fazem parte do grupo. Discute-se mais
a avaliação do personagem que o valor do trabalho produzido ou a sua coerência.
Em suma, o Portugal Queirosiano aplica-se bem à Fotografia.
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